O consumo fora das capitais e regiões metropolitanas já representa 38% do consumo total do país. São 94,3 milhões de habitantes, 49% da população, com um consumo de R$ 827 bilhões. Se fosse um país, o interior do Brasil seria 12º maior em população, com economia maior que a de Portugal ou Chile.
O recorte, feito pelo Instituto Data Popular para o Sebrae, revela um interior urbano (três em cada quatro mora em cidades) e com aspirações e desejos de consumo que se assemelham aos dos grandes centros: 39% dos brasileiros que querem comprar um tablet estão no interior, assim como 43% dos que têm intenção de viajar.
A parcela que quer adquirir moto supera a dos grandes centros: 59%.
A formação também é uma preocupação no interior: 48% dos brasileiros que tencionam fazer um curso profissionalizante estão no interior.
Já dentre os que querem fazer faculdade a proporção cai para 31%.
O estudo considera como interior 4.619 cidades, das quais cerca de 4.000 têm até 50 mil habitantes. Apenas 0,3% tem mais de 200 mil.
A renda do interior é movida por Bolsa Família, aposentadoria e funcionalismo público. Só de Bolsa Família, são 8,7 milhões de beneficiários -63% do total.Grandes cidades do interior, como Campinas, ou mesmo Guarulhos, entram na cota das capitais e regiões metropolitanas (27 capitais mais 919 cidades).
Mas o estudo mostra que a economia privada tem seu peso: 44% das micro e pequenas empresas que fazem parte do regime tributário Simples ou 41% dos
MEI (Microempreendedores Individuais) vivem no interior.
“Há um enorme mercado, com renda disponível e hábitos de consumo muito similares aos grandes centros”, diz o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
“Devemos usar o empreendedorismo para o desenvolvimento local, sem depender só de políticas públicas.”
Para o presidente do Data Popular, Renato Meirelles, este é um bom momento para o fortalecimento de negócios locais. “O comércio local precisa estar preparado para a chegada das grandes empresas”, diz Meirelles, lembrando que nos últimos anos, os shoppings e as redes varejistas avançaram para as cidades médias, com pelo menos 250 mil habitantes.
O estudo integra uma pesquisa de intenção de compra do Data Popular, com dados populacionais e de renda do IBGE (Censo e Pnad).
DESIGUALDADE
A desigualdade de renda entre as diferentes regiões do país se repete no interior. O Nordeste concentra 33% da população do interior e 24% da renda.
O Sudeste tem 37% da população do interior e foi responsável por 61% do consumo.
Para o economista Alexandre Rands Barros, as desigualdades regionais do país “começam a se diluir”. “A educação é o que tem feito mais diferença”, diz.
Fonte: ESPM – Núcleo de Estudos Varejo – Por Raphael Sparvoli – 15/5/2014. varejo