A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) está em cima das mídias que produzem conteúdos infantis irregulares através de multas e ações judiciais. O Youtube, por exemplo, deve US$ 170 milhões ao FTC em multas.
No fim de 2018, 22 grupos de defesa dos consumidores e de saúde pública apresentaram uma queixa ao FTC pedindo que o Google fosse investigado pela forma como a Play Store comercializa aplicativos para crianças.
Segundo o site Kidscreen, Apple e Google tiveram que remover vários aplicativos de namoro que permitiam que menores de 13 anos se inscrevessem. A Apple foi condenada a reembolsar US$ 32,5 milhões em compras no aplicativo feitas por crianças.
Apesar do risco, o método ainda é a maneira considerada mais eficaz de ganhar dinheiro on-line e a maioria dos desenvolvedores continuam a usá-lo.
“Os aplicativos de jogos tendem a ser os piores, porque usam técnicas de compra manipulativas e coleta ilegal de dados”, disse Josh Golin, diretor executivo da Campanha pela Infância Livre de Comércio (CCFC).
Algumas empresas até tentam seguir regulamentos de privacidade pela internet para crianças, mas esses regulamentos mudam constantemente e os fabricantes de aplicativos infantis precisam ganhar dinheiro para sustentar seus negócios.
Esses desenvolvedores, com medo da multa que pode recair sobre eles, estão criando maneiras alternativas de gerar receita. Anos atrás, os aplicativos costumavam ser pagos, mas por um preço baixo. Foi assim que os gratuitos mais atuais entraram em cena e decolaram.
Enquanto o conteúdo é gratuito, a vida dos jogadores acaba ou os níveis se tornam difíceis de passar, a menos que o usuário gaste algum dinheiro. Após o enorme sucesso freemium de aplicativos como Angry Birds e Candy Crush, tudo se tornou gratuito, incluindo aplicativos para crianças.
Superficialmente, os aplicativos são gratuitos, mas seus métodos de monetização violam as diretrizes de privacidade e segurança de crianças com frases do tipo “compre mais vidas agora” e “obtenha mais reforço”, que incentivam as crianças a pagarem para brincar.
Apesar de não existir uma única solução, o que funcionou para o aplicativo de jogos Budge é uma abordagem de assinatura com teste gratuito de uma semana e um aplicativo com várias etapas para crianças, com a ajuda de seus pais, desbloquearem.
O Kinzoo é um aplicativo de mensagens familiares que ainda está testando seu modelo de monetização. Ao permitir que os usuários compartilhem textos, vídeos, fotos e áudio, ele enfrenta uma proposta difícil, já que ninguém descobriu como monetizar um aplicativo de mensagens.
Até os maiores no quesito (Facebook Messenger e WhatsApp) são gratuitos e apenas o Facebook exibe anúncios, embora todos coletem e vendam dados do usuário.
O Azoomee, da Índia, optou inicialmente por um modelo de assinatura e estava em conformidade com as diretrizes de privacidade e segurança de crianças. Assim, estava decolando, mas seu desempenho foi comprometido pelo VOD e está analisando se deve tentar algo novo.
“É melhor os fabricantes de aplicativos para crianças começarem a descobrir com qual pior forma de monetização estão dispostos a conviver, porque há muito mais multas”, disse Fil Lourenco, especialista do setor e vice-presidente de mídia digital da Havas Media Canadá.
Embora isso pareça excessivamente negativo, é também a chance das empresas de aplicativos entrarem com novos modelos de monetização digital e definir o padrão do setor para estratégias positivas.
“Numa época em que dados, transparência e privacidade são absolutamente fundamentais, não vale a pena arriscar. Vimos o que aconteceu com o Facebook nos últimos dois anos e tem sido escândalo atrás de escândalo”, finalizou Lourenco.
As informações são do site Kidscreen.