Bonecas negras são raras, seja nas linhas de produção ou em lojas. É o que diz a terceira edição do levantamento “Cadê Nossa Boneca?”
Levantamento realizado em agosto pela ONG Avante, da Bahia, que atua com direitos das crianças, com base nos sites de fabricantes e lojas de brinquedos, e divulgado pelo Uol, as bonecas negras representam menos de 10% da categoria de brinquedos.
O estudo aponta que apenas 6% das bonecas produzidas e 9% das ofertadas em lojas on-line são negras. O levantamento identificou neste ano 1.093 modelos de bonecas em 14 sites de fabricantes de brinquedos associados à Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos). Entre elas, apenas 70 eram negras. Das empresas pesquisadas, seis sequer apontavam fabricar esse tipo de produto.
Em relação à edição anterior da pesquisa, feita em 2018, houve queda no percentual de bonecas pretas produzidas: elas eram 7% do total há dois anos. Entre as lojas on-line, houve crescimento: passou de 4% dos modelos colocados à venda em 2018 para 9% neste ano.
Para Ana Marcílio, psicóloga, consultora da Avante e idealizadora da campanha “Cadê Nossa Boneca?”, em entrevista para o Uol, é um erro tratar o tema como se a cor não fizesse diferença.
“Quando a gente dá uma boneca preta a uma criança preta, a gente vê a felicidade, a identificação dela. Mas, se você for para a vitrine de um loja, vai ver bonecas louras. Claro que isso gera um problema de identificação. Não à toa hoje nosso estereótipo da geração é a mulher loura de cabelo esticado”, afirma.
Além de poucas, a psicóloga afirma que, muitas vezes, as bonecas negras acabam sendo mais caras e dificultam o acesso da população de mais baixa renda a esses brinquedos. “Bonecos de bebês, geralmente, têm o mesmo valor. Mas, quando são bonecas com corpo de mulher, há um diferencial: as bonecas negras são, em regra, itens de colecionador.”
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