A pesquisa “Um Ecodespertar: Medindo a consciência global, engajamento e ação pela natureza“, do WWF, revelou que o engajamento da população com as causas ambientais cresceu 16% nos últimos cinco anos. O levantamento destaca o importante papel das redes sociais nesse interesse e analisou o comportamento da mídia, marcas e empresas diante desse panorama.
“O crescimento dessa consciência crescente não é só sobre o nosso impacto, mas também, sobre as consequências que a destruição da natureza está tendo e terá cada vez mais em nossas vidas, em nossa economia e no mundo. Portanto, os problemas ambientais são uma grande preocupação da sociedade, é isto que está em alta, não é apenas algo que deve ser falado, mas que devemos nos preocupar. Porque não é apenas uma obrigação moral, mas sim uma questão econômica, de saúde e de desenvolvimento social também”, afirma Marco Lambertini, diretor geral da WWF International.
O relatório, feito pela Economist Intelligence Unit (EIU) a pedido do WWF, englobou 54 países, onde está 80% da população mundial e cobriu um período de cinco anos, de 2016-2020. Os resultados mostram um crescimento contínuo de 71% em pesquisas na internet por produtos sustentáveis, um aumento de 82% de tuítes relacionados a causa, com o envolvimento de líderes espirituais como o Papa, políticos, celebridades e grandes organizações do jornalismo como BBC e The New York Times. O volume de notícias sobre o tema cresceu 60% e a quantidade das que abordam protestos contra a destruição da natureza atingiu seu pico em 2019.
Mas para o jornalista Marlowe Hood, que participou do evento de lançamento do estudo ao lado de Lambertini, Ahmad Alhendawi (WOSM), Claudia Bahamón (embaixadora colombiana do WWF), Mimrah Mahmood (Meltwater), Marcelo Behar (Natura&Co) e Inger Anderson (UNEP), a mídia está atrasada em relação a questão, pois mesmo com o crescimento da cobertura, este é um tópico que precisa de atenção há muito tempo e nem sempre conseguiu espaço. Porém, acredita que com esse impulso que a atual geração de jovens está criando, já foi possível ver um maior engajamento no tema nos seus atuais alunos de jornalismo.
Desde 2016, mais de 159 milhões de assinaturas foram coletadas em campanhas relacionadas a biodiversidade. Nesses números, o Brasil se destacou como o país que produziu o maior número de assinaturas em campanhas em prol da biodiversidade e natureza no mundo, com 23 milhões, 14% do total. Para Ahmad Alhendawi, os jovens estão preocupados com a questão e sabendo lidar bem com as plataformas para expandir o debate. “O que estamos vendo hoje é uma geração muito consciente, eles não querem deixar este problema para a outra geração e estão dominando as redes, se envolvendo com movimentos sociais e pedindo justiça, garantindo que isso seja falado e que paremos essa degradação do meio ambiente”, diz o CEO da WOSM.
Mimrah Mahmood, especialista em tecnologia, comentou sobre este poder existente no meio digital e a forma com que as redes sociais podem amplificar algo e dar poder ao conteúdo. Para ele, outro fato ligado a rapidez do meio vem da maior possibilidade de proximidade entre o tema e o leitor, quando relatado por alguém que está vivendo no lugar degradado ou está gravando a situação de perto. As diferentes formas de produzir este conteúdo ajudam as notícias a chegarem a qualquer lugar, aumentando o número de pessoas que têm acesso ao fato. Além do algoritmo entregar para cada vez mais pessoas um conteúdo que está se tornando viral, criam um ciclo de conscientização viralizado.
Todos esses dados revelam uma mudança dos consumidores em relação ao seu comportamento em apoio à causa ambiental, o que pressiona empresas, marcas, figuras públicas e políticos a entrarem nas discussões, além de afetar algumas áreas e gerar oportunidade para outras. O valor da natureza por meio dos serviços que fornece à economia global é estimado em US$ 44 trilhões, mais da metade do PIB global, e o setor financeiro tem papel na mudança dos fluxos financeiros de atividades insustentáveis e na criação de uma economia global “natureza-positiva”. O que gera também um maior reconhecimento dos riscos associados à perda de natureza pelas empresas e instituições financeiras.
“As empresas e os países estão começando a entender que ao menos que você invista nas questões ambientais, que é o que sustenta as estruturas da sociedade como conhecemos, nós claramente não teremos um futuro. Os jovens entendem disso, seja através de ativismo ou até mesmo na escola, mas no final do dia, os políticos inteligentes irão olhar além das necessidades da próxima eleição e entenderão que independente da visão que carregam, não é mais um direito da esquerda ou da direita, é na verdade a continuidade da sociedade”, comenta Inger Anderson.
Fonte: Meio e Mensagem