Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) apontou que, em abril, indústrias e varejistas tiveram um nível recorde de estoque encalhado. O volume atingiu 24,9% e 20%, respectivamente e são considerados níveis próximos de recordes históricos. Tudo isso foi causado pelo isolamento social e fechamento de boa parte das lojas físicas.
Rodopho Tobler, responsável pelo estudo que consultou 1.900 empresas da indústria e do comércio, disse ao Estadão que com a alta desse estoque indesejado é difícil saber quando as coisas voltarão ao normal, mesmo que haja flexibilização do isolamento social.
Fabricantes e varejistas de veículos, eletrônicos e móveis, já que não são itens essenciais, foram alguns setores mais afetados. Nas fábricas, o encalhe desses produtos foi parecido com o da época da crise do subprime, nos anos 2008 e 2009, segundo o jornal. De março para abril, os estoques das montadoras saltaram de 1,5% para 41,2%. Na indústria de eletroeletrônicos e informática, em março, 6,2% dos fabricantes tinham estoques excessivos. Em abril, subiu para 38,5%.
Segundo José Jorge do Nascimento, presidente da Eletros, os estoques da indústria aumentaram porque não há escoamento da produção. Carretas que estavam transportando produtos das fábricas para os centros de distribuição das lojas tiveram de voltar. Além disso, muitas empresas deram férias coletivas, usaram banco de horas, entre outras formas de cortar a produção.
Como reflexo, o comércio também foi atingido. Em março, 16,5% das empresas informaram que estavam com estoque excessivo e, em abril, 30% das empresas estão nessa situação. No segmento de eletroeletrônicos e móveis, a fatia de empresas super estocadas foi de 12,1% para 27,4% de março para abril.
O estoque do varejo de veículos, motos e peças, também entre esses dois meses, foi de 18% para 33,5%. No mês passado, foram comercializados 55,7 mil veículos novos no varejo, o pior mês para as concessionárias em mais de 21 anos.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.