O Kidscreen Summit, evento referência para a indústria de entretenimento infantil, aconteceu entre os dias 10 e 13 deste mês, em Miami (EUA), e teve três temas centrais: o que está acontecendo com o streaming, o futuro das franquias e como promover a próxima geração de criadores de conteúdo. A diretora do EP Grupo, Marici Ferreira, esteve lá.
“A oportunidade de estar com profissionais de animação, de games, de canais TV, de VOds, distribuidores e de todos os demais executivos do audiovisual infantil revela inúmeras oportunidades. O evento é networking do começo ao fim”, contou.
Streaming em 2020
Com o Disney+ e o Apple TV+ lançados no fim do ano passado, além do HBO Max e o Peacock da NBCUniversal prometidos para este ano, o streaming deixa de ser coadjuvante e passa a ser o protagonista. Outras empresas também entraram na “briga”, como a CBS All Access que começou a captar conteúdo infantil, o Pluto TV, da Viacom, que está se expandindo em território e o BBC iPlayer está produzindo conteúdos mais longos.
Durante o evento, participantes desse painel disseram que apesar das tentativas, encontrar dados sobre streaming é um desafio. Anna Moorefield, vice-presidente de vendas de distribuição global da Jim Henson Company, falou sobre as vantagens do Amazon Prime Video Direct, uma plataforma para produtores de vídeos independentes.
A Jim Henson passou a fazer upload de seu catálogo anterior na plataforma gerada pelo usuário, isso porque foi capaz de fornecer dados digitais mais profundos que outras plataformas. “Recebemos um relatório de receita todo mês, que inclui um ranking de engajamento do cliente em territórios específicos. Ele mostra o desempenho do seu conteúdo em relação a outro carregado no Amazon Prime Video Direct”, explicou.
Embora não haja conexão direta entre serviço de streaming com fins lucrativos e emissoras públicas, outro painel do evento mostrou que ambos precisam encontrar uma maneira de trabalharem juntos.
Os streamers estão onde as crianças estão e como o conteúdo é criado para interesse público, “a coisa mais importante é divulgar o conteúdo para as crianças, e sabemos que elas assistem todos os dias, em todos os momentos do dia, e em diferentes plataformas”, disse a diretora sênior da CBC Kids, Marie McCann.
Futuro das franquias
Com tantas plataformas, muitos produtores estão apostando em franquias para se destacarem entre as inúmeras opções de conteúdo. Olivier Dumont, presidente da Entertainment One (eOne) Family & Brands, disse que trabalhar com uma única plataforma ou emissora e criar uma parceria forte é a melhor maneira de construir uma marca. “Se é uma parceria verdadeira, você pode ter sucesso juntos e encontrar a boa solução para todos”, disse Dumont.
Contudo, uma determinada abordagem pode trazer problemas relacionados a direitos autorais, já que transmissores e emissoras exigem mais direitos hoje do que nunca e estão causando problemas quando certas abordagem são subutilizadas.
Ed Galton, do Cake Entertainment, recomendou que os produtores tentem trabalhar na renegociação de oportunidades no começo dos contratos para que os produtores garantam que nenhum aspecto dos direitos de seus programas seja negligenciado e para que as franquias continuem sendo construídas.
Pelo lado da emissora, o vice-presidente de aquisições e co-produções de conteúdo da Cartoon Network, Adina Pitt, concordou que as emissoras estão pedindo mais direitos, mas isso porque, pelo menos em sua rede, eles estão procurando construir parcerias sólidas.
Outro debate gerado foi se as crianças estão viciadas em conteúdos de IPs antigos. O diretor criativo da criadora de conteúdo Sixteen South, Colin Williams, lembrou que muitos IPs têm a oportunidade de se tornar franquias, mas que eles precisam do apoio das emissoras para isso.
Esse enigma da “descoberta” ecoou em alguns painéis, trazendo à tona uma preocupação real dos produtores de que as crianças podem não saber como encontrar os programas que estão sendo feitos. “Não basta fazer um bom show. As pessoas precisam saber como encontrá-lo.”, concluiu Matthew Berkowitz, CCO da Atomic Cartoon.
Próxima geração de criadores e como promover seu crescimento
Nenhuma nova franquia pode surgir sem a criação da próxima geração de criadores de conteúdo: é uma questão que apareceu com frequência durante o painel sobre o tema no Kidscreen Summit. Escrita e animação andam desconectados, e por isso o criador e produtor executivo da Nickelodeon, Niki Lopez, recomendou deixar artistas e escritores lado a lado no início de suas carreiras para que entendam melhor o setor um do outro.
A produtora da peça Laughing Wild, Chris Nee, disse que acontece de ser intimada pelo lado comercial da indústria quando se é criativo e está começando, e que por isso é importante se capacitar para ser seu próprio advogado. Pedir conselhos e fazer perguntas é válido também.
Ela lembrou que é responsabilidade dos promotores e criadores promoverem, além de conteúdos, ambientes agradáveis e acolhedores. As pessoas querem sair para comer, dar festas e celebrar. Vivemos em um mundo em que a tela pode ser o centro do universo, mas ainda precisamos de uma comunidade para sermos profissionais melhores.
As informações são do portal Kidscreen.