O FUTURO É LOGO ALI [Exclusivo EP Grupo]

Por RODRIGO LEME

O futuro é logo ali – mas, ainda assim, a maioria usa o Waze para encontrá-lo.

Seguimos assim: de tecnologia em tecnologia, buscando atalhos para o sucesso. Sou entusiasta da inovação – ela constantemente nos oferece ferramentas que ampliam nossa vantagem competitiva. Quem sai na frente, naturalmente, colhe mais frutos.

Pertencente à geração X, vivi a travessia dos mares da tecnologia e presenciei o fim e o surgimento de inúmeras ferramentas. Como arquiteto, fui formado no compasso da régua paralela, mas já no meu primeiro emprego estava imprimindo plantas em arquivos de AutoCAD – software que abalou os alicerces da arquitetura tradicional. À época, acreditávamos que esse avanço eliminaria a personalização do desenho manual feito com nanquim e grafite. Puro engano; quem dominava o traço passou a projetar ainda melhor com o auxílio da nova tecnologia.

O que quero dizer é simples: sempre haverá algo novo. Cabe a nós decidir se abraçamos o novo e evoluímos ou o negamos e ficamos para trás. Este paralelo conecta-se ao tema de uma recente palestra que ministrei sobre o futuro da indústria e do varejo. Nela, analisei feiras como a Toy Fair, a NRF, entre outras – algumas que visitei, outras que estudei à distância. Com apoio do ChatGPT, compilei tendências a partir de mais de 20 relatórios e artigos. E lá estava ela novamente: a tecnologia, protagonista recorrente dos últimos 10 anos.

Termos como omnichannel, venda sem atrito, análise de dados, consumidor no centro e, mais recentemente, inteligência artificial são frequentes. Mas a pergunta permanece: o que fazemos com tudo isso? No Brasil, ainda convivemos com o crediário em lojas regionais.

A Magalu, antes referência em inovação, já começa a perder espaço para o Mercado Livre. Seguimos tropeçando nos próprios limites tecnológicos. Entretanto, o que mais chama minha atenção são os movimentos de varejistas que estão resgatando – e aprimorando – a
experiência de compra centrada no humano: mais contato pessoal, testes de produto, música ambiente, estímulos sensoriais.

A F.A.O. Schwarz, tradicional loja de brinquedos em Nova York, é exemplo disso – emprega
atores para interagirem com os clientes e criarem uma experiência memorável. E onde entra a tecnologia nisso tudo? Não sou contra a tecnologia – muito pelo contrário.

 

Mas acredito que devemos avançar também na qualidade das relações humanas, na construção de parcerias estratégicas entre indústria e varejo, na criação de espaços de marca dentro das lojas, na capacitação de vendedores com foco em comportamento e atendimento, na agilidade de trocas e entregas, e até mesmo em um simples laço de presente bem-feito.

O futuro é tech. O humano é touch. Simples assim: una os dois.

Mande sugestões de assuntos ou dúvidas para rodrigo@grupocriativo.com e siga o
@grupocriativo.