[Internacional]
Os serviços de streaming, que antes eram atípicos no negócio de licenciamento de marcas, estão se tornando um foco importante para o setor.
Essa transição começou quando o Walmart revelou planos de abrir “hubs” da Netflix em seus locais, oferecendo cartões-presente e mercadorias inspiradas no conteúdo do streamer em 2.400 lojas.
A Disney revelou planos para testar as vendas de uma coleção de edição limitada (incluindo brinquedos, colecionáveis e roupas inspiradas em marcas como Star Wars e Marvel) com assinantes do Disney+. A partir de 1º de novembro, os assinantes puderam comprar a linha de 18 peças de produtos desenvolvidos e adquiridos internamente em shopDisney.com/
Por sua vez, a Amazon Studios montou uma equipe de licenciamento de marca sob Jamie Kampel, chefe de licenciamento e mercadorias, que obteve sucesso com produtos inspirados na série Marvelous Mrs. Mazel da Prime Video. A Paramount Global (Paramount+) e a WarnerMedia Discovery (HBO Max e Discovery+) confiaram em grupos de produtos de consumo já existentes para suas propriedades de filmes e séries de TV.
A mudança dos serviços de streaming para o licenciamento de marcas foi gradual e amplamente vinculada à produção de conteúdo original dos quais possuem os direitos de merchandising.
House of Cards foi um sucesso inicial para a Netflix, mas o streamer não possuía os direitos de licenciamento – a MRC II Distribution Co. (anteriormente Media Rights Capital) sim. Isso mudou quando a Netflix lançou sua série original Stranger Things em 2017, que foi um sucesso na tela e nas lojas.
“Os serviços de streaming estão construindo ecossistemas porque têm insights do consumidor para realmente entender melhor seus fãs”, disse Shawn Socoloff, diretor de licenciamento da licenciada Hybrid Apparel. “No caso da Disney, eles querem atender seus clientes onde quer que estejam. Esta é uma oportunidade de ciclo completo em que os consumidores veem o conteúdo e podem ser guiados para a venda do produto. E, à medida que a tecnologia evoluiu, os consumidores se acostumaram a sair pela loja de presentes.”
A pressão dos serviços de streaming para expandir o licenciamento de conteúdo próprio também ocorre quando os varejistas, antes céticos em transportar produtos com dados de audiência escassos, os adotam cada vez mais. Isso é especialmente verdadeiro à medida que mais informações da Netflix, Amazon Studios e outros se tornam disponíveis.
“Para os grandes varejistas do passado, o streaming ainda não havia se provado e estamos vendo isso mudar drasticamente com o relacionamento que a Netflix estabeleceu com o Walmart”, disse Russell Binder, fundador da Striker Entertainment, que foi a primeira agência a trabalhar com a série House of Cards para licenciamento. Essas novas parcerias estão construindo negócios que já estavam bem arraigados com empresas como Hot Topic, FYE, Box Lunch e Spencer Gifts.
Esse foco em possuir direitos de licenciamento tem sido um pouco mais lento para se estabelecer no setor infantil, no entanto.
Entre os primeiros sucessos na Netflix estão Cocomelon e Gabby’s Dollhouse, cujos direitos são de propriedade da Moonbug Entertainment e da DreamWorks Animation, respectivamente. No caso de The Dragon Prince, da Wonderstorm, que lançou sua quarta temporada na Netflix em 3 de novembro, Striker o representa para licenciamento.
“Os streamers identificaram que é assim que eles vão abordar suas preocupações de receita – construindo franquias e tendo oportunidades de capitalizá-las”, disse Binder. “A posição dos serviços de streaming na indústria [de licenciamento] mudou nos últimos três a cinco anos, de não ser uma parte crítica de seus negócios para o desejo de construir franquias. E quando você ouve isso, significa propriedades que se destacarão e gerarão receita em todos os mercados verticais possíveis. Você não precisava disso nos primeiros dias [de streaming], mas agora com o custo de produção dos shows, eles precisam encontrar maneiras de monetizar [o conteúdo].”
O CEO da WarnerMeda Discovery, David Zaslav, deixou claro o foco da empresa na construção de franquias quando divulgou seus ganhos na semana passada, apontando marcas como Harry Potter, Game of Thrones e Lord of the Rings como potenciais construtores de franquias (este último para o qual detém os direitos do filme, mas não direitos de mercadorias). A WarnerMedia Discovery também mudou recentemente a fusão de seus serviços de streaming para a primavera de 2023.
“Aprendemos o que não funciona e isso são filmes direto para streaming”, disse Zaslav, referindo-se indiretamente à decisão de descartar um filme de Batgirl de US $ 90 milhões que seria lançado na HBOMax. “Os filmes que lançamos no cinema são significativamente melhores e lançar um filme de duas horas ou uma hora e quarenta minutos direto para streaming não fez quase nada pela HBO Max em termos de audiência, retenção ou amor pelo serviço.”
