Inclusão de crianças com deficiência visual nas brincadeiras

Pedagoga da Fundação Dorina dá dicas para estimular a brincadeira em crianças cegas ou com baixa visão

Semana Mundial do Brincar tem uma novidade para o conceito do qual carrega a bandeira, o da brincadeira. A Fundação Dorina foi convidada pela Aliança pela Infância para participar e levar as crianças cegas ou com baixa visão que são atendidas na instituição.  Serão preparadas atividades para a integração dos diferentes públicos.

Esta é uma forma de mostrar maneiras de incentivar e estimular a brincadeira entre crianças cegas ou com baixa visão que também se divertem com brinquedos e brincadeiras. Além disso, é uma forma de colocar todas as crianças em contato, desenvolvendo a empatia, inclusão e receptividade, rompendo barreiras e preconceitos desde a infância. A Fundação Dorina participa de atividades no Parque do Ibirapuera no dia 29, quinta-feira, 9h ao 12h. 

Uma das pedagogas que trabalha na instituição, a profissional Edni Fernandes Silva, tem algumas dicas de como brincar e estimular a brincadeira com as crianças que têm deficiência visual, garantindo melhor desenvolvimento dos pequenos.

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Dicas de como brincar com a criança com deficiência visual (cega ou com baixa visão)

– Use toques e voz suaves ao se comunicar com a criança que tem deficiência visual, aproximando sua face do rosto dele para que ela possa percebe-lo e toca-lo.

– Auxilie a criança a conhecer o próprio corpo com toques enquanto nomeia cada parte tocada.

– Incentive que a criança siga em direção ao som de brinquedos ou da sua voz. É interessante ter brinquedos que emitam sons, como chocalhos, bolas e pelúcias com guizos.

– Brinque com a criança com deficiência visual e incentive que outras pessoas também brinquem e interajam com ela. Assim, ela se tornará mais sociável e receptiva, facilitando os relacionamentos interpessoais.

– Imite os sons que seu bebê faz e crie estímulos para que ele possa imita-lo. Isso auxiliará na comunicação.

– Se o bebê ainda não senta, coloque-o de lado para manusear o brinquedo. Invista em brinquedos com texturas diferenciadas, para estimular o tato e a percepção de diferentes objetos.

– Dê objetos à criança nomeando-os e relacionando às possíveis ações que poderão ser feitas com este item. Exemplo: “A bola. Pegue a bola. Chute a bola. Jogue a bola para cima”.

– Procure usar brinquedos contrastantes, coloridos, luminosos, de diversas texturas e tamanhos.

– Propiciar momentos em que a criança manipule e crie espontaneamente jogos a partir da exploração de objetos concretos.

– Brincadeiras com miniatura de objetos, como animais e meios de transportes, possibilitam que a criança tenha uma melhor compreensão de objetos muito grandes ou impossíveis de serem alcançados (casinha com telhado, elefante, caminhão, avião, fogão, geladeira).

– Vale incentivar brincadeiras infantis com o uso das mãos, como dedo mindinho, seu vizinho; passa anel.

– Em jogos com bola, se não for possível ter uma bola com guizo, envolva a bola com saco plástico, assim ela fará barulho enquanto se desloca.

– Salte para o alto. Com a criança agachada, segure em suas mãos e peça para ela se levantar ”bem forte e bem alto”, ajudando com um leve “puxão“ para cima. 

Jogos, brinquedos e brincadeiras para fazer com as crianças cegas e com baixa visão

– Brincadeiras de roda: cantigas, parlendas, rimas;

– Meu mestre mandou…Como sugestão, trabalhar o esquema corporal com as crianças, solicitando que coloquem as mãos na cabeça, joelhos, pescoço, cotovelo, barriga, pés, mãos, etc.

– O que é, o que é? Brincar de adivinhação utilizando as mãos para descobrir a textura e formato dos objetos. Materiais como embalagens de xampu, escova de dentes, talheres (colher e garfo), chaves, caneta/ lápis, frutas, etc.

– Vai e vem – Brincar alternando a criança de lugar é um estímulo à coordenação visuomotora

Fantoches/Dedoches – estes brinquedos estimulam a imaginação, linguagem e o pensamento, além de  favorecerem a comunicação e expressão de sentimentos e emoções.

– Blocos de construção: Brincar com blocos favorecem o desenvolvimento da atenção e concentração, associação de formatos  e tamanhos, desenvolvimento de movimentos amplos e finos, coordenação visuomotora e noções de equilíbrio. Estes brinquedos também propiciam à criança a satisfação de inventar, construir, desconstruir e transformar, estimulando a criatividade.

– Massa de modelar – Estimula o desenvolvimento da coordenação motora fina e a criatividade.

– Jogo da velha adaptado – Permite interação com quem não tem deficiência visual.

– Jogo da memória tátil: Utiliza a percepção tátil e a memória para reunir o maior número de peças.

– Manter as brincadeiras que incluam brinquedos diversos como bonecas e carrinhos mantém a brincadeira das crianças que não enxergam com as que enxergam, sentindo-se incluídas.

Outras brincadeiras que retomam a infância dos pais e visa incluir as crianças nos momentos de lazer:

– Estátua;

– Passa anel;

– Centopéia;

– Telefone sem fio.

Brincadeiras fáceis de produzir

– Jogo de argolas: Estimula a percepção visuomotora, a identificação de cores para as crianças com baixa visão e a relação número / quantidade.

Confecção: Colocar uma porção de areia no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e colocar uma cor em cada garrafa. Recortar números de 1 a 10 em papel preto ou fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As argolas podem ser confeccionadas com tampas de plástico ou anéis de fitas adesivas que encaixem nas garrafas.

– Jogo de boliche: Estimula a percepção visuomotora, a identificação de cores e a relação número x quantidade.

Confecção: Colocar uma porção de areia no fundo de 10 garrafas descartáveis. Cortar tiras de papel crepom colorido e colocar em cada garrafa uma cor.

Recortar números de 1 a 10 em papel preto ou fita adesiva preta e fixar cada número em uma garrafa. As bolas podem ser confeccionadas com meias velhas. E podem ter guizos em seu interior.

(*)Profissional: Edni Fernandes Silva, pedagoga na Fundação Dorina Nowill para Cegos. A profissional é pós-graduada em psicopedagogia e hospitalar em clínica pelas Faculdades Integradas Campos Salles e cursa pós-graduação em psicomotricidade pela UNIFAI – Centro Universitário Assunção.  

Fundação Dorina

Rua Doutor Diogo de Faria, 558 – Vila Clementino (SP)

(11) 5087-0999

www.fundacaodorina.org.br

Fonte: Nossa Imagem / Comunicação [Fundação Dorina Nowill para Cegos] – Priscila Saraiva – (11) 5087-0962.

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