Análises apontam crescimento do setor no Brasil, impacto econômico global e novas oportunidades para fabricantes e varejistas
A Circana, empresa global de data tech para análise do comportamento de consumo, foi um dos destaques durante o segundo dia da ABRIN 2025, a maior feira do setor de brinquedos na América Latina, realizada no Expo Center Norte, em São Paulo. Durante o evento, foram apresentados dados do mercado em 2024 e uma análise aprofundada das tendências que estão moldando o mercado de brinquedos no Brasil e no mundo.
No painel “Os novos perfis de venda de brinquedos no Brasil”, conduzido por Célia Bastos, diretora executiva da Circana no Brasil, foram debatidos temas como: o desempenho do setor, o impacto do cenário macroeconômico e as perspectivas para 2025. A Circana, que monitora o setor global de brinquedos há 50 anos, trouxe dados exclusivos de 12 países, incluindo Brasil, Estados Unidos, México, Reino Unido e China. Na oportunidade anunciou a expansão de sua cobertura para Chile, Peru e Colômbia a partir de 2026.
Os dados apresentados mostraram que fatores internacionais podem beneficiar o mercado no Brasil. Segundo o levantamento, em 2024, o faturamento global do setor teve uma leve queda de -0,6% e o volume de unidades vendidas recuou -0,4%. Já no Brasil, o cenário foi mais positivo. Apesar de registrar uma redução de -2% no faturamento, o segmento cresceu +6% em volume de unidades vendidas. “Isso reflete uma das grandes tendências para 2025. O que chamamos de “precinho”, que são os brinquedos com preços até 50 reais, com destaque para os valores entre 25 e 40 reais. O mercado está vendendo mais unidades de brinquedos, com valores mais acessíveis. Em 2024, 55% das vendas em volume foram de brinquedos dentro dessa faixa de preço. O total de faturamento desse nicho de mercado foi de R$ 1 bilhão”, afirmou.
Célia, destacou ainda que essa é uma excelente oportunidade para a indústria de brinquedos brasileira. “Enquanto nos EUA, uma criança ganhou, em média 40 brinquedos, em 2024, no Brasil uma criança ganhou somente dois. Esse número, ainda que seja maior do que o registrado no ano anterior, quando no Brasil cada criança ganhou um brinquedo, reflete a necessidade e a oportunidade para que sejam comercializados brinquedos mais baratos”, completou.
A disparidade de consumo entre regiões do país foi outro ponto relevante: enquanto no Sudeste a média é de quatro brinquedos por criança ao ano, no Norte e Nordeste esse número é de apenas um. Durante a apresentação, outros destaques foram apresentados, como o crescimento do faturamento de kidults & colecionáveis (+51%), blocos de construção dos carros esportivos, de luxo e Fórmula 1 (+150%) e pelúcias (+53%), reforçando o potencial de crescimento do mercado brasileiro.
A análise econômica trouxe perspectivas estratégicas para fabricantes e varejistas. Com a projeção do dólar a R$6 e o PIB crescendo 2,5% em 2025, o Brasil pode se beneficiar como exportador e importador, especialmente diante das novas tarifas aplicadas sobre produtos asiáticos. No entanto, a taxa SELIC em 15% representa um desafio para o varejo, tornando o financiamento de bens duráveis mais difícil e impulsionando a busca por produtos de menor valor.
Além da consolidação dos brinquedos acessíveis, entre as principais tendências destacadas pela Circana, está o crescimento dos brinquedos licenciados e colecionáveis, que aumentaram +9% globalmente nos últimos três anos. Além disso, o impacto de lançamentos de grandes blockbusters, como Super Mario Bros 2, Capitão América e Five Nights at Freddy’s, também deve impulsionar a venda de brinquedos licenciados nos próximos meses. Segundo a Circana, 2024 foi o ano com a maior fatia de itens licenciados na venda de brinquedos no Brasil, com 29% do mercado. “Com mais de 20 lançamentos previstos, 2025 deverá superar o resultado de 2024”, projetou Celia.
Por fim, um tema que vai impactar cerca de 47 milhões de crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, também foi discutido. O comportamento infantil deve mudar com o banimento de celulares em escolas brasileiras. “Essa nova realidade pode favorecer um retorno às brincadeiras analógicas e à interação social, criando oportunidades para fabricantes de brinquedos tradicionais”, completou.