Debates visam ajudar indústria e varejo a transformarem rapidamente suas operações
Por Kika Martins, do EP Grupo
Uma iniciativa da Driven.CX, em parceria com a agência de conteúdo EP Grupo e a Globo, promoveu uma série de debates entre os dias 28, 29 e 30 de abril, chamada Papo de Mercado, sobre as recentes mudanças ocorridas no mercado por conta da pandemia e, neste contexto, a mais do que necessária digitalização das empresas para sobrevivência.
A fim de ajudar os empresários da indústria e do varejo a transformarem rapidamente suas operações, a equipe EP Grupo preparou um resumo de cada painel. Acompanhe a sequência completa por aqui, nos próximos dias.
Painel 5: O CONSUMIDOR JÁ MUDOU, COMO ATUAR FRENTE AOS NOVOS HÁBITOS?
Devido a atual situação de isolamento por conta do coronavírus, o comportamento dos consumidores está mudando e os primeiros indícios já podem ser notados. A preocupação com a saúde e com a economia tomou conta da população e cerca de 92% passou a acompanhar mais de perto os acontecimentos.
Não por acaso, o jornalismo tem despertado grande interesse e, sobretudo em um primeiro momento, bateu recordes de audiência na programação das emissoras abertas e TVs por assinatura, assim como nos portais de notícias.
Entre as mudanças de hábitos das famílias, as pessoas estão acordando mais cedo – e também com mais tempo/calma – o que tem aumentado a audiência do noticiário matinal.
A alteração na rotina, principalmente de quem tem criança em casa, também faz crescer a audiência dos programas de entretenimento. Temas como culinária – receitas, inclusive nos portais -, e outros assuntos que envolvem a família como um todo, têm alcançado altos índices de visibilidade.
O comportamento tem se movimentado em ondas. Na primeira semana, houve um pânico generalizado – como entreter as crianças, cuidar da casa e trabalhar com elas por perto? – até o entendimento da nova dinâmica dentro de casa.
Na sequência, houve um aumento na procura por atividades, para interação com as crianças – artes e brincadeiras, via TV e internet. Agora, estamos enfrentando uma terceira onda que é a do ensino. Conforme as escolas se adaptam para dar andamento aos estudos à distância, os pais também têm procurado recursos para auxiliar seus filhos nesse processo.
Vale registrar um significativo número de casos de depressão entre crianças de 6 e 8 anos de idade, uma vez que nesta fase o contato apenas virtual não é o bastante para suprir suas necessidades afetivas. Aliás, a saúde mental tem sido um tema bastante procurado, que gera grande preocupação à população.
Também existe uma expectativa familiar de que as crianças levem as tarefas domésticas assumidas durante a quarentena como um legado. Os filhos não estão sendo poupados dessas responsabilidades, até porque muitos pais perderam seus empregos e, consequentemente, precisaram dispensar suas ajudantes.
Hoje, o consumo familiar é o que mais se acentua. Isso inclui o conteúdo que pode ser consumido pela família, compartilhado entre pais e filhos, sobretudo as séries, filmes e games – até por conta da pausa nas competições esportivas.
Outra alteração no mercado refere-se aos consumidores que não compravam pela internet até então e, durante o isolamento, precisaram fazer compras on-line. A partir dessa experiência bem-sucedida, ao verem que é seguro e que funciona, a tendência é que continuem usando esses serviços daqui para frente.
Neste momento, existe uma chance maior para o desconhecido porque todos estão mais abertos ao novo e aquilo que é diferente. Mas o que é passageiro e o que será um legado? O fato de todos estarem mais receptivos leva a crer que as mudanças positivas, como estar mais próximo da família, tendem a continuar pós-pandemia.
Neste período de maior convívio, os diálogos são mais profundos e aproximam as pessoas, fortalecendo os vínculos. Muitas famílias passaram a jogar juntas, cozinhar e realizar outras atividades que promovem maior integração. Este é um hábito que deve permanecer por um bom tempo.
Para o comércio, essa mudança de comportamento se traduz em um consumo mais consciente, em uma busca maior por conteúdo e menos compras por impulso. Portanto, um consumo mais perene.
As crianças tendem a buscar brincadeiras/brinquedos que reúnam a família, mais interatividade do que antes da pandemia. No mundo da moda, já existem muitos questionamentos sobre o sentido do fast fashion neste novo cenário. A identificação com a marca passa a ter mais relevância para o consumidor.
O pequeno negócio – varejista/indústria – tem sido bastante impactado pelo digital e aqueles que operavam apenas off-line têm migrado para o on-line. O ambiente físico passa a ser mais um espaço de experiência com o produto e de entretenimento do que propriamente para compra.
A indústria distribuirá o capital, que antes era destinado ao trade, para o varejista proporcionar a experiência ao cliente com seu produto, na loja física. De tal modo que o varejista (on ou off-line) seja a cadeia de distribuição.
O que fica dessa crise é a transformação digital. A necessidade do e-commerce e da entrega remota representam uma grande oportunidade para mudar radicalmente.
De fato, os pequenos fabricantes não estavam preparados para esse avanço repentino. Nesse sentido, os marketplaces e grandes varejistas tendem a ganhar ainda mais força e podem oferecer suporte às empresas.
O pequeno varejo precisa entregar segurança ao cliente. Este é o convite a ser feito daqui para frente, pois os consumidores se relacionarão com marcas e lugares que ofereçam segurança.
Mas como será a retomada do comércio no segundo semestre, com a postergação das vendas e o alto índice de desemprego? Em comparação a outros países, o brasileiro tem adiado pouco suas compras. Para alguns especialistas, isso acontece porque eles têm menos recursos para gastar do que os consumidores em outras praças, mas só estão gastando com o que realmente precisam (artigos essenciais).
As empresas de setores muito afetados como entretenimento, por exemplo, devem ter uma boa retomada já que as vendas foram bastante reprimidas. Em alguns casos, até como forma de compensar e esquecer a crise (presentear a si mesmo). Embora seja uma estimativa incerta, Dia das Crianças, Black Friday e Natal devem seguir as curvas do ano passado.
Quanto à intenção de presentear no Dia das Mães, a frente de inteligência de mercado da Globo realizou uma pesquisa e o resultado indicou que 69% das pessoas que têm o hábito de comemorar a data, celebrarão em 2020 e 85% presentearão suas mães. Por outro lado, dos 31% que costumam comemorar e não o farão em 2020, 63% ainda querem presentear.
Portanto, 8 em cada 10 pessoas darão presentes para as mães em meio à crise da pandemia, considerando a compra à distância – a queda não será tão significativa. Logo, quem estiver digitalmente preparado não sentirá tanto o impacto.